Segunda a Sexta
9:30-12:30 e 14:00-18:00
+351 229 069 170
+351 213 192 950
stss@stss.pt
stss-lisboa@stss.pt

NOTÍCIAS

A importância de NÃO tocar na cara

A importância de NÃO tocar na cara

A importância de não tocar na cara e porque poderá, talvez, ser esta uma das medidas mais importantes a adoptar.


Uma das mensagens mais anunciadas, desde o início desta pandemia, por todas as organizações de saúde é esta: NÃO TOQUE NA CARA.

 

Mas porquê? Qual a importância de não tocar na cara e porque é que esta poderá ser uma das medidas mais importantes a adoptar?
 

A resposta é bastantes simples na verdade.

Na nossa cara temos 3 portas de entrada no nosso organismo, através de mucosas: a boca, o nariz e os olhos.

Hoje sabemos que a infecções respiratórias como a gripe, constipações e mesmo infeções provocadas por coronavírus, podem ser transmitidas por auto-inoculação. 

A auto-inoculação é um tipo de transmissão de contato em que as mãos contaminadas de uma pessoa fazem contacto subsequente com outros locais do corpo e introduzem material contaminado nesses locais.

Embora a literatura sobre os mecanismos de auto-inoculação de infecções respiratórias comuns (por exemplo, influenza, rinovírus, coronavírus, etc) seja limitada, é um facto que mãos

contaminadas são relatadas como tendo potencial para disseminar infecções respiratórias.

As pontas dos dedos contaminados podem ter origem no contato com as mãos de uma pessoa contaminada ou através do muco contaminado nas superfícies ambientais e, mesmo em comparação à exposição a aerossóis e/ou particulas projectadas pela boca de uma pessoa contaminada, em conjugação com a auto-inoculação acabam mesmo por ser uma das principais, senão a principal fonte de infecção.

Repare: todos nós tocamos em imensos objectos ao longo o dia e esses mesmos objectos são depois tocados por outras pessoas, que depois irão levar as mãos à cara.

Os objectos mais contaminados poderão ser, por exemplo, o dinheiro, maçanetas das portas, corrimões, mesas, cadeiras, canetas, chaves, interruptores de luz, controladores remotos de TV, torneiras, telefones, etc.

 

Pode ocorrer um evento de auto-inoculação se não cumprir a higiene das mãos após o contato estes objectos e, no que diz respeitos aos profissionais de saúde, com o paciente ou após contato com o ambiente contaminado da zona onde esteve esse paciente.

Daí a importância de lavar as mãos frequentemente.

Ainda no cenário da assistência à saúde, o toque frequente no rosto, principalmente durante períodos de surtos sazonais, tem o potencial teórico de ser um mecanismo de aquisição e transmissão.

 

Mas e se não pudermos lavar as mãos ou desinfetar as mesmas com um Solução Antisséptica de Base Alcoólica?

Simplesmente devemos evitar tocar na cara a todo o custo.

 

Mas será assim tão fácil não tocar na cara?
 

É um facto que, embora não nos seja assim tão percetível, todos nós tocamos na cara muitas vezes ao longo do dia.

Um estudo observacional que foi realizado com estudantes de medicina da Universidade de New South Wales mostrou que, em média, cada um dos 26 alunos observados tocou o rosto 23 vezes por hora.

Pior ainda é que de todos os toques faciais, 44% envolviam contato com uma membrana mucosa, enquanto 56% envolviam áreas não mucosas. Dos toques de mucosa observados, 36% envolviam a boca, 31% envolviam o nariz, 27% envolviam os olhos e 6% eram uma combinação dessas regiões.

Há que diga que estes toques no rosto fazem parte do stress diário ou que simplesmente nos é inato desde do nascimento, mas o que é certo é que é extremamente difícil parar de o fazer.

Aliás é tão difícl que, como podemos ver no video seguinte, mesmo ao ser transmitida esta mensagem por autoridades competentes de saúde, estes não conseguem parar de o fazer:

 

 

E o que podemos fazer para evitar de tocar na cara?

 

De facto é muito dificil fazer algo que nos é inato e que parece que quando somos proibidos de o fazer, ainda dá mais vontade.

Mas é também um facto que existem truques que podemos adoptar que servem, no fundo, para nos educar a cumprir esta medida tão difícl mas, ao mesmo tempo, tão eficaz.

Assim sendo seguem algumas medidas/truques que pode e deve adoptar:

 

AS MINHAS MÃOS ESTÃO CONTAMINADAS!

Esta é a medida mais importante que deve procurar mentalizar-se desde sempre.

Desde o momento em que lavo as mãos e até tocar em algo estou limpo. A partir desse momento e mal toque em algo, ESTOU CONTAMINADO.

Esta foi a principal medida que adoptei mal isto tudo começou. Pensar constantemente que tenho as mãos contaminadas é crucial para evitar tocar com as mesmas na cara. 

De facto, sempre que saio à rua e tendo já isto interiorizado, quando tenho mesmo necessidade de coçar o nariz ou os olhos, procuro um ponto de água onde possa lavar as mãos com água e sabão ou então uma solução desinfectante.

Nessa altura, aproveito ao máximo para tocar na cara à vontade. Se for necessário, lavo mesmo o rosto de modo a que este fique mais fresco. A partir desse momento passo a ter novamente as mãos contaminadas e não volto a tocar na cara.

É isto que temos de interiorizar.

 

PASSAR UM PERFUME INTENSO NAS MÃOS

Nunca utilizei este truque, mas de facto, um cheiro intenso nas mãos (algo que seja tolerável, quer para nós, quer para os utros, claro) é um lembrete activo sempre que as mãos se deslocarem ao rosto.

O facto de sentirmos o cheiro intenso, cada vez que as mãos se deslocam para perto do nariz, funciona como um lembrete de que estamos a levar as mãos à cara e assim somos compelidos a não o fazer.

 

UTILIZAR OBJECTOS NAS MÃOS

A utilização de objectos, constantemente nas mãos, mantém as mesmas ocupadas e acaba por ser uma forma de evitar que as mesmas possam ir à cara.

Por vezes enquanto pensamos, temos tendência a levar as mãos à cara, por isso se tivermos, por exemplo uma bola anti-stress nas mão, já não o faremos tão facilmente.

A ideia é tentar trocar o hábito de levar as mãos à cara pelo de mexer em objectos. Contudo não se equeça de desinfetar sempre e constantemente os mesmos.

Pode ainda, caso não tenha nenhum objecto por perto, optar por colocar as mãos nos bolsos.

 

CONCORRA COM OUTRO COLEGA A VER QUEM TOCA MENOS NA CARA

Caso trabalhe lado a lado com um colega, podem sempre optar por vigiar um ao outro.

O facto de incutir este espírito de "jogo", no fundo acaba por tornar toda esta nova situação um pouco mais divertida e ao apanharmos o colega e este a nós próprios, contribuir assim para educarmo-nos a tocar menos vezes na cara.

No fundo, este "jogo" impõe um estado de vigilância que proporciona o que todos queremos: evitar tocar na cara.

 

UTILIZE O SITE "DON'T TOUCH YOUR FACE"

Se trabalha frequentemente ao computador ou portátil, desde que tenha acesso à internet e a uma câmera web, pode utilizar gratuitamente o site "Don't Touch your Face".

Este site permite monitorizar constantemente o seu rosto e alertá-lo cada vez que tocar na cara. 

É muito simples de utilizar e basta apenas dar acesso ao site (enquanto este está aberto) à sua câmera.

Depois deve gravar um pequeno video sem tocar na cara.

De seguida, LAVE BEM AS MÃOS e grave, novamente, outro pequeno video, onde deverá tocar constantemente na cara, de todas as formas e feitios.

Feito isto, é só deixar o site aberto e pode trabalhar normalmente no computador.

Cada vez que tocar na cara, ouvirá um sonoro "NO". 

Ainda acha que toca poucas vezes na cara?

Então experimente enquanto trabalha e veja (ouça) por si próprio.

Veja aqui um excerto onde experimento tocar na cara após a configuração:

 

E SE ROER AS UNHAS? UTILIZE UM VERNIZ AMARGO.

Há muitas pessoas que roem as unhas.

Para estas pessoas, a tarefa de não tocar na cara é ainda mais difícil.

Embora, não resulte em todas as pessoas, os vernizes amargos que existem à venda nas farmácias, são uma boa opção para evitar levar as mãos à boca.

São incolores e podem ser utilizados por ambos os sexos.

Por isso nunca é tarde para parar de roer as unhas, especialmente nesta altura.

 

 

Espero que tenha gostado deste artigo de opinião e lembre-se sempre que para estarmos mais protegidos, desta e de outras doenças, as medidas principais a adoptar começam sempre por nós e não tocar na cara é uma delas.

Não se esqueça ainda de manter o distanciamento social, lavar frequentemente as mãos e utilizar a máscara sempre que sair à rua (particularmente em espaços fechados).

Proteja-se e proteja os outros.

 

Artigo de opinião por:

Mário Machado

Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica de Farmácia

 

Bibliografia consultada:

Face touching: A frequent habit that has implications for hand hygiene

https://www.ajicjournal.org/article/S0196-6553(14)01281-4/fulltext

Environmental contamination with rhinovirus and transfer to fingers of healthy individuals by daily life activity

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17705174?dopt=Abstract

STSS

Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica

#JuntosConstruímosFuturo

SINDICALIZE-SE!

Pesquisa