Dia Mundial da Hipertensão
Desde 2005 que, no dia 17 de Maio, se comemora o Dia Mundial da Hipertensão, o objetivo é alertar para a importância da prevenção, deteção e do tratamento da HTA.
As doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morte e incapacidade a nível mundial, estimando-se que a hipertensão arterial (HTA) contribua com cerca de 45% do total de mortes por doenças cardíacas e até 51% das mortes por acidente vascular cerebral. Em Portugal estima-se que a HTA apresenta uma prevalência de 42% na população adulta, sendo mais significativa nos homens e nos mais idosos, estando apenas 39% destes doentes medicados com fármacos anti hipertensores e apenas 11% devidamente controlados.
A HTA, também conhecida como a “doença silenciosa” é um fator de risco com necessidade de cuidados específicos, necessitando de estreita vigilância através de um bom controlo tensional. É fundamental o seu diagnóstico precoce, pois quanto mais cedo for diagnosticada, mais cedo se pode intervir e menores serão os riscos de eventos cardiovasculares no futuro. No entanto, o diagnóstico de HTA, apesar de simples, deve obedecer a um processo rigoroso de avaliação e classificação. Tradicionalmente, o diagnóstico de HTA é baseado em medições tensionais, que devem ser realizadas em condições técnicas específicas (muitas das vezes realizadas em consultório), por profissionais de saúde especializados e segundo valores de pressão arterial (PA) estabelecidos por orientações nacionais e internacionais. Define-se como hipertensão quando a pressão arterial medida apresenta valores superiores a 140mmHg de pressão arterial sistólica e 90mmHg de pressão arterial diastólica. A HTA define-se em 3 graus diferentes de severidade, de acordo com os valores de PA encontrados, sendo que os graus são importantes para definir a gravidade da doença e orientar a sua diferente abordagem e tratamento.
A medição correta da PA no consultório deve ser executada com esfigmomanómetro devidamente calibrado e validado e com a braçadeira corretamente posicionada e adequada ao tamanho do braço do doente, contudo, possui várias limitações. A avaliação mais fidedigna da PA real do doente é a da monitorização da PA “fora do consultório”, sendo esta considerada a ferramenta mais adequada de diagnóstico e de controlo tensional. A PA em ambulatório é idealmente medida através da Monitorização Ambulatória da Pressão Arterial (MAPA) ou, na falta desta, pela PA medida em casa, geralmente através de auto-medição (AMPA).
A MAPA é assim o exame de eleição para avaliar o perfil tensional e a variabilidade da PA durante as 24 horas, permitindo ainda identificar alguns preditores de risco de eventos cardiovasculares, tais como a pressão de pulso (PP), o padrão de dipping noturno (queda natural da pressão arterial durante o período noturno), pico sistólico matinal e as cargas sistólicas e diastólicas a que o doente está sujeito durante as suas atividades habituais.
Várias são as indicações para a medição da PA ambulatória através de MAPA, ressalvando a importância do diagnóstico de HTA de bata branca (relacionado com a ansiedade causada pela medição no consultório), da HTA mascarada, da HTA resistente, da pré-eclampsia em mulheres grávidas ou da Hipotensão autonómica que não são passíveis de se identificar através das simples medições da PA no consultório. Para além disso é o único exame que permite a confirmação do controle terapêutico adequado com a terapêutica instituída, ou adequação da mesma à variação circadiana individual da PA ao longo das 24 horas, para além da deteção de perfis tensionais que estejam associados a um risco cardiovascular mais elevado.
Deste modo, a MAPA permite o diagnóstico mais preciso e proporciona a orientação de planos de tratamento mais apropriados a cada caso e cada doente, independentemente da iatrogenia, facilitando a estratificação do risco cardiovascular e identificando doentes com HTA.
O diagnóstico atempado da HTA tem o potencial de reduzir o risco de doenças cardiovascular, mas a sua prevenção é essencial. As estratégias preventivas, se aplicadas precocemente na vida, apresentam um potencial enorme para prevenir o desenvolvimento de HTA e de reduzir a carga total de doença hipertensiva e das suas complicações. Para diminuir a pressão arterial e o risco cardiovascular, as alterações no estilo de vida são largamente consensuais e devem ser instituídas a todas as pessoas, independentemente da necessidade de terapêutica anti-hipertensora. A aposta na educação em saúde, promovendo a adoção de hábitos e comportamentos saudáveis que incluem uma dieta saudável e hipossalina, a atividade física regular, a abstenção do tabaco e o consumo moderado de bebidas alcoólicas.
Helena Fonseca - TSDT de Cardiopneumologia